Meu nome é Felipe de Souza Lima (aqui) e
completo 25 anos neste mês de Janeiro. Moro em Juiz de Fora, Minas Gerais e sou
cadeirante. Nasci com uma má formação genética chamada Mielomeningocele, em outras palavras, nasci com o líquido da Medula pra fora da coluna e os nervos que iam
para as pernas também para fora da Coluna.
Essa minha deficiência é considerada uma das mais graves que se
têm conhecimento, pois, trás com ela vários tipos de doenças ou problemas
fisiológicos dependendo do nível da lesão. No meu caso, tive vários problemas de saúde por causa dessa
deficiência que me levaram a passar por 19
cirurgias. Cada cirurgia era um drama
familiar, uma esperança!
Apesar de ter passado por tantas
cirurgias, elas me ajudaram e muito na melhoria da minha qualidade de vida. As cirurgias que eu fiz foram: na coluna, na bexiga,
nos rins, na cabeça, no intestino, na vesícula seminal e na uretra. Da onde
tirei tanta força? Se não fosse a minha
fé em Deus, e também, a fé, a oração e o apoio da minha família, dos meus
amigos e amigas, hoje eu não estaria aqui, neste blog, contando minha história
de vida e levando a minha mensagem por meio de palestras para os outros!
Algumas partes da minha história
cabem ressaltar! A primeira que eu vou contar é a 1° cirurgia que eu fiz para
fechar a coluna, pois como eu disse anteriormente, nasci com a coluna aberta. Falando
assim parece que foi fácil, mas não foi, pois os médicos não me deram nem 24 horas de vida. Quem disse que a ciência
responde tudo? A segunda cirurgia, por sua vez, foi por causa de uma doença
que eu tive chamada Hidrocefalia,
que é o acúmulo de líquido na cabeça. Eu passei por mais 3 cirurgias por causa da
Hidrocefalia: a primeira eu coloquei uma válvula na cabeça no lado direito para
drenar o líquido da cabeça, mas por causa de erro médico, de acordo com que eu
ia crescendo a válvula não ia, até ela entupir, e eu ter Meningite, mas com a graça de Deus não tive seqüela. Coloquei
uma provisória até a doença passar e depois coloquei uma definitiva no lado
esquerdo.
A outra que me lembro que eu tive
que passar que foi uma aprovação e superação
foi a cirurgia de aumento de bexiga. Eu tinha a bexiga do tamanho de uma
bexiga de um bebê isso com 9 anos, quando eu operei e voltei, fiquei sem falar uma semana, e novamente
com o poder da oração voltei a falar.
Nesse espaço de tempo teve os preconceitos que sofri nas ruas, nas escolas que estudei. Tive
e tenho muitos amigos mas passei por muitos preconceitos. Eu até enfrento o preconceito de peito aberto.
Para melhorar minha independência na cadeira de rodas fiz tratamento na Rede
de Hospitais Sarah Kubitschek. Fiz tratamento lá durante 14 anos, dos 6 aos
20 anos, isso tudo para me tornar uma pessoa independente. Claro que não posso
deixar de falar aqui que, além disso, houve um grande incentivador para melhorar ainda mais minha qualidade de vida:
o esporte. Aconteceu assim:
Aos 5 anos de idade comecei fazendo natação, não para competir, pois não tinha ninguém com quem eu pudesse
competir, fiz apenas para não ficar parado e manter minha saúde. Já aos 6 anos
comecei a acompanhar jogos da Liga
Americana de Basquetebol que passava na Bandeirantes, onde jogava o maior
astro de todos os tempos: Michel Jordan,
depois veio um filme dele chamado "Space Jam". Entrei então em uma
escola de basquete onde eu tive que
enfrentar um pequeno problema mas que não me abateu, eu era o único jogador com
deficiência, com 9 anos eu recebi o convite
de um Professor de Educação Física amigo meu que trabalhava na Secretaria de Esportes e Lazer de Juiz de Fora para participar do Ranking de Corridas
Rústicas de Juiz de Fora e assim eu fiz.
Nesse tempo eu não parei com o
basquete, pois como eu não tinha equipe de corrida eu usava o basquete como um
treino de condicionamento físico. Continuei jogando até meus 12 anos de idade
onde tive que parar por 1 ano por causa de problemas familiares, mas com as
corridas eu continuei. Quando retornei
com o basquete com 13 anos retornei também com a natação ambos com o objetivo
de condicionamento físico porque eu não tinha condições físicas e financeiras para
frequentar uma academia.
Com o tempo fui parando de jogar
basquete e nadar, passando a me dedicar exclusivamente às corridas. Com 18 anos comecei a fazer academia e passei na
Faculdade de Educação Física do qual hoje, eu estou quase me formado.
Atualmente o meu maior sonho:
Trabalhar na
minha área. Quero realizar é trabalhar na reabilitação de pessoas com
deficiência ou seguir a carreira profissional de atleta se for da vontade de
Deus.
Fui entrando em algumas equipes de
corrida e atualmente pertenço a Equipe
de Corridas do Clube Bom Pastor de Juiz de Fora - MG. Mas ainda é um
obstáculo a ser vencido pois, desde a época que comecei a correr até hoje,
o número de pessoas com deficiência
correndo é muito pouco. Tenho lutado para aumentar esse número de participantes.
Para completar a minha felicidade e
provar o poder da fé, participei de uma Promoção da Coca-cola chamada ‘Isso é
Ouro’, que dava direito a participar do revezamento da Tocha Olímpica Rio 2016. Eu teria que ser indicado por uma pessoa e
essa pessoa deveria contar um pouco da
minha história, enfim, responder ‘porque eu mereceria levar a tocha
olímpica’. Essa pessoa indicada foi um
primo. Passado algum tempo me ligaram da
Coca-cola e me disseram: ‘você foi um
dos escolhidos para carregar a Tocha!’ Vibrei de alegria! Será no dia 15 de
Maio de 2016, aqui mesmo em Juiz de For (MG) e conto com você!
Finalizando essa minha grande
história de superação, de alegrias, de tristezas, de fé e esperança, vou deixar aqui uma frase de minha própria
autoria para aqueles que crêem e lutam pelos seus sonhos:
“Se você
acha que eu estou preso por estar em uma cadeira de rodas, se enganou! Minha
cadeira de rodas me liberta para seguir meus sonhos e objetivos, enfrentar meus
desafios, que não são nada fáceis, porém, com fé em Deus eu sei que venço, pois
é nele que encontro minhas forças.”
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